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Um crush para o Natal

Foto do escritor: Solteirice em Estudo Solteirice em Estudo

Um crush para o Natal - reflexões sobre a solteirice em tempos natalinos



Com os festejos natalinos, a mídia nos brinda com diversos filmes e séries com esta temática, principalmente na modalidade comédia romântica e especialmente com enredos que retratam a busca e encontro de um grande amor. As mensagens de esperança em torno do clima natalino giram em torno da família, com formação de casais e filhos, e a expectativa que aquela pessoa solteira também encontre seu par. O filme “Um crush para o Natal” (em Inglês, “Single all the way”, disponível na Netflix) exemplifica esse clima.


Na trama, o personagem principal é um jovem gay que se prepara para passar o Natal com a família e está na expectativa de apresentar seu novo namorado. O namoro não vai adiante e ele resolve levar seu melhor amigo, com quem divide o apartamento, e quer que ele finja ser seu namorado para não sofrer as cobranças por estar solteiro.


Em diversos momentos do filme, as cobranças em torno do jovem gay solteiro encontrar um parceiro amoroso são presentes e ele mesmo demonstra vergonha por ser o único filho que não se casou, como se tivesse algo errado consigo. Observamos que, apesar da homossexualidade já mostrar uma ruptura de padrões normativos, ainda assim, parece ser construída também em torno de modelos patriarcais, familistas e de casal, que imprimem na pessoa solteira a cobrança pelo casamento e o sentimento de mau estar por (ainda) estar solteiro. E no filme, isso é expresso também - além das autocobranças que o personagem principal se faz - pelo empenho da família em ser seu cupido, em encontrar um parceiro ideal para o jovem. Arrumar um encontro às cegas com um solteirão bonitão e também incentivar que haja um romance entre os amigos gays demonstram esse esforço de colaborar para o “final feliz” do personagem. E esse final feliz inclui também a perspectiva de se mudar de uma cidade grande para uma mais interiorana, onde a vida familiar parece ter mais espaço. 


As construções de masculinidades também são interessantes para observarmos, junto com relações interraciais, como a dos personagens principais. A representatividade no filme, neste sentido, é muito presente e interessante, mas ainda assim, a trama não mostra grandes rupturas com modelos patriarcais de representações sobre a solteirice para homens gays que acaba sendo muito parecida com as mulheres solteiras, comumente vistas como se estivesse em transição, esperando um casamento.  


As comédias românticas natalinas são leves, podem colaborar para diminuir o estresse, entreter no recesso de fim de ano, e também suscitar interessantes reflexões! 



Darlane Andrade - docente no Departamento de Estudos de Gênero e Feminismo da UFBA; GADNEIM - Grupo de pesquisa Cnpq Gênero, alteridades e desigualdades, do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres da UFBA

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